Soluções para obter capital de giro durante a pandemia

O capital de giro é o somatório dos recursos necessários à manutenção da empresa (caixa, bancos, estoque, despesas, financiamento das vendas a prazo etc.). Ele pode ser calculado pela dedução do Passivo Circulante (PC) sobre o Ativo Circulante (AC), portanto, CGL = AC – PC.

A falta ou insuficiência desse recurso faz com que a empresa tenha prejuízos, não apenas com renegociações de valores e prazos junto a fornecedores, mas também nos gastos do dia a dia. Isso pode acarretar multas e juros por atrasos nos pagamentos, consumo de tempo e energia dos dirigentes em negociações e, em alguns casos, até desabastecimento de mercadorias ou perda de vendas e oportunidades de negócios.

Em tempos de pandemia, muitas empresas estão com o caixa insuficiente e, até mesmo, em falta. Saber administrá-lo corretamente passou a ser fundamental, estratégico. O problema é que justamente neste período, conseguir capital de giro se tornou mais difícil – e mais caro.

Nem mesmo a redução na taxa Selic tem sido suficiente para minimizar os juros na ponta. O próprio plano do governo para estimular crédito aos pequenos e médios negócios tem sido criticado e considerado inacessível ou inviável para a maioria dos empresários.

Segundo pesquisa veiculada no Jornal Nacional em 20/05/2019, 86% das empresas nacionais estão sofrendo pela falta de dinheiro ou crédito e, até 15% delas, poderá encerrar a operação em até 30 dias.

Para gerenciar as finanças, a empresa precisa agir rapidamente:

a) Conhecer seu capital de giro: ter os números na ponta do lápis é fundamental e o primeiro passo rumo ao seu gerenciamento;

b) Classificar as despesas: quais os custos e despesas que são realmente vitais, por impactar na operação da empresa no seu dia a dia, no suporte às vendas, no atendimento aos clientes. Além de avaliar opções para o corte de custos e despesas – notadamente, as não essenciais;

c) Analisar a viabilidade de negociar com os atuais fornecedores: estudar alternativas para alargamento das dívidas, verificando quais poderiam ser “trocadas” por outras de menor taxa ou com maior prazo;

d) Analisar a possibilidade de troca de fornecedores: alternar por outros que, eventualmente, possam conceder mais prazo, diminuir preço ou minimizar as taxas

e) Avaliar as opções de financiamento convencional existentes no mercado: possibilidades de conseguir incentivos com bancos, financeiras, antecipação de recebíveis, opções de crédito junto ao governo e até opções de desmobilização de ativos

f) Avaliar outros tipos de crédito: opções diferenciadas, como as Fintechs – novas empresas que estão revolucionando o mercado de crédito. Normalmente são baseadas numa atuação distinta em relação aos bancos convencionais e suportadas por muita tecnologia – e que, muitas vezes, possuem condições mais atrativas que as convencionais

Com essas ações, será possível traçar um plano de gestão do capital de giro, preferencialmente, contemplando uma visão do passado recente, do presente e do futuro da empresa.

Todas as atitudes mencionadas anteriormente já são conhecidas pela maioria dos empresários e, inclusive, existe vasta publicação a respeito. Em relação às Fintechs, algo relativamente novo, é importante compreender que o BACEN (Banco Central do Brasil) regulamentou três diferentes modalidades no Brasil:

1) SCD´s – Sociedade de Crédito Direto que é uma instituição financeira que realiza suas operações de empréstimo e financiamento exclusivamente por meio de plataforma eletrônica e com utilização de recursos próprios.

2) SEP´s – Sociedade de Empréstimo entre Pessoas que realiza as operações de empréstimo e financiamento apenas por plataforma eletrônica, mas neste caso, sem o uso de capital próprio, isto é, através da intermediação entre pessoas que emprestam e tomam empréstimo. Portanto, são uma espécie de Market Place para que as pessoas possam fazer suas transações.

3) ESC´s: A Empresa Simples de Crédito realiza as operações de crédito, financiamento e desconto de títulos de crédito com recursos próprios, em operações para Microempreendedores Individuais (MEIs), Microempresas e Empresas de Pequeno Porte.

Em qualquer um dos casos, essas instituições são autorizadas pelo Bacen para que atuem com menos burocracia, menor estrutura e menos investimento, consequentemente, com todas as chances de ofertar melhores condições.

Um destaque para as SEP´s, que utilizam capital de pessoas que desejam investir, assim, as condições podem ser especialmente melhores e o empréstimo poderá ser negociado sem que se precise sair de casa. Sem contar que o investidor pessoal, além de viabilizar o empréstimo para quem realmente precisa, consegue obter um ganho superior ao que seria pago na maioria das instituições financeiras convencionais.

Sem dúvida, o Coronavírus é um dos maiores desafios já enfrentados no Brasil e comprometeu o capital de giro da maioria das empresas. Por outro lado, é possível encontrar formas diferenciadas para obter recursos e manter a empresa em operação até que a economia estabilize.

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